terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Filosofia Hobbesiana e a Estética

            Thomas Hobbes é um filósofo do século XVI (praticamente, século XVII), que viveu em um contexto inglês e burguês, onde a forma de organização política que vigorava no Estado e na sua época era a monarquia.
O problema central a ser abordado por Hobbes é existência da possibilidade de se gerar um Estado em que os homens possam viver em segurança e onde lhes seja garantida a paz, pois para ele o homem não é feito para viver em sociedade, mas para viver na busca constante pelo poder e por seus interesses, em que se abre a possibilidade de um perigo constante de guerra de todos contra todos.

Uma das características do pensamento renascentista, pela qual é profundamente marcada a filosofia de Bacon – primeiro mestre de Hobbes –, é a transformação da relação entre natureza e arte em comparação com a concepção dos antigos: a arte não mais aparece como imitação da natureza, mas como igual à natureza, o que é índice de uma nova e mais alta avaliação das coisas feitas pelo homem, em geral, da industriosidade humana. Concebida a natureza como uma grande máquina, penetrar em seu segredo quer dizer atingir a compreensão das leis que regulam seu mecanismo. Mas, uma vez descoberto esse segredo, o homem é capaz não apenas de imitar a natureza, mas também de recriá-la, de aperfeiçoá-la, de acrescer-lhe a potência, construindo outras máquinas produzidas pelo homem para suprir as deficiências da natureza – para substituir, com um produto do engenho humano, com um artificium, o produto defeituoso da natureza – é, para Hobbes, o Estado. (BOBBIO, 1991, p. 31, grifo nosso)

Para Hobbes, a arte se revela no momento em que há a transformação da natureza. A partir do momento em que o homem é capaz de enxergá-la, refletir sobre ela, copiá-la e aperfeiçoá-la para o seu crescimento e para a melhor vivência na sociedade.
No pensamento renascentista há-se uma mudança na relação entre natureza e arte, em que arte não aparece mais como imitação da natureza como era proposto pelos antigos, mas como igual à natureza. Agora, então, a arte deixa de ser imitação apenas e passa a ser igual ao seu objeto de trabalho, no caso a natureza.
Bobbio usa o termo “industriosidade do homem” que não significa nada mais do que a capacidade que o homem conseguiu a partir de sua evolução histórica de criar e copiar as coisas que o ajudam em seu dia-a-dia (seja em uma questão concreta ou abstrata).
O homem é visto para Hobbes como um mecanismo vivo, cujo motor são seus próprios interesses. A partir do momento em que o homem compreende sua própria natureza humana, ele compreende também as leis que sustentam sua vida e, assim, é capaz de reproduzi-las e aperfeiçoá-las para um melhor convívio social.
Então, com Hobbes a visão de arte não se restringe apenas em um mero imitar das coisas e/ou da natureza, mas também de ser capaz de compreender a natureza, imitá-la e modificá-la para seu aperfeiçoamento. Assim, o homem pode corrigir os defeitos e suprir as coisas que faltam na natureza, que são as relações humanas. Visto desta forma, o Estado é uma forma de imitação, aperfeiçoamento e substituto do Estado de Natureza Humana onde o homem é propenso apenas para a guerra e não para a vida com o outro. A arte é o mero ato de recriar e aperfeiçoar a natureza e o Estado Civil é um aperfeiçoamento do estado de natureza humana

Referência Bibliográfica

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Trad. Carlos Nélson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1991.

HOBBES, Thomas. O Leviatã. Trad. Heloisa da Graça Burati. São Paulo: Rideel, 2005. – (Biblioteca Clássica)

O PENSAMENTO DE DAVID HUME

            David Hume inicia seu livro Investigação Acerca do Entendimento Humano fazendo uma descrição do que seja a filosofia moral e como ela se divide. Primeiramente, diz que temos uma que vê o homem nascido para a ação e que é influenciado pelo gosto e pelos sentimentos, aqui o filósofo tem o papel de induzir os homens para a virtude pautando bem a diferença entre ela e o vício, mas sempre a exaltando. Depois temos outra filosofia moral em que o homem é visto mais pelo seu lado racional e os filósofos desta linha procuram formar o seu entendimento do que melhorar sua conduta.
            Depois é feito um comentário a respeito da Filosofia em geral. Primeiro sobre a fácil e clara que é aderida por muitos e estes a classificaram como a mais útil e agradável. E sobre a Filosofia exata e abstrusa que não penetra na vida prática e menos famosa que a outra, aqui os sentimentos apenas atrapalham, pois dificultam que ela chegue a uma conclusão. Esta última ao cometer um erro que para ela está correto, mas que contraria a opinião popular, ao invés de acatar a opinião correta, ela se fecha e mantém a sua. Já a fácil em tal situação se volta para o senso comum e retorna para o caminho correto.
            O Filósofo é o excluído do mundo, pois para a sociedade sua contribuição é insignificante e ele vive distante (“nas nuvens”). E o ignorante? Este também é excluído por não saber se abrir ao novo. Portanto para a sociedade o melhor é o que está entre estes, como diria Aristóteles é o meio-termo entre os extremos.
            Em outra parte, Hume coloca o surgimento da idéia. Que tem suas bases na memória, imaginação e nos sentidos. Com relação aos sentidos devemos ser precavidos, não devemos dar inteira confiança para eles já que estes são capazes de erro e assim nos enganam, neste ponto entra a razão que será a capaz de nos orientar quando os sentidos estão enganados ou não.
            Ainda com relação às idéias existe uma associação (conexão) entre ambas que se faz a partir de três princípios: de semelhança, de contigüidade (no tempo e no espaço) e de causa ou efeito. Sendo que o princípio de causas será o mais satisfatório, talvez até o mais forte porque é o ponto em comum de onde derivam algumas idéias.
“Mas apressemo-nos a concluir esta argumentação, que já se tem feito demasiado extensa. Temos procurado em vão uma idéia de poder ou de conexão necessária em todas as fontes de onde pudesse originar (... De modo que, resumindo, não aparece, em toda a natureza, um único exemplo de conexão passível de nossa concepção. Todos os eventos parecem inteiramente soltos e separados. Um evento segue outro, porém jamais podemos observar um laço entre eles. Parecem estar em conjunção, mas jamais em conexão. E como não podemos jamais formar idéia de uma coisa que nunca se revelou aos nossos sentidos externos ou sentido interno, a conclusão necessária parece ser que não temos, definitivamente, idéia de conexão...” (Investigação acerca do entendimento humano, 101)

            Portanto esta idéia de uma conexão necessária é difícil de ser concebida uma vez que as idéias estão juntas e separadas ao mesmo tempo, existem aspectos que as unem e outros que as separam, porém estes aspectos que os unem não possuem uma explicação dentro de nosso intelecto, neste caso é mais fácil e é a nossa única opção concluir que não há idéia de conexão.
            Voltando a questão dos sentidos, as características que percebemos através deles nos objetos, na verdade não estão nos objetos, mas é uma coisa que está no espírito, podemos dizer que é o espírito ou a razão, como é apresentado em algumas traduções, que irá designar a característica do objeto a partir de seu quadro de referência que pode ser tanto interno (seu próprio conhecimento) ou externo (através de comparações com outros objetos). Por exemplo: um garoto de 1,5 m pode ser baixo se comparado com um de 1,6 m, mas também pode ser considerado alto se comparado com outro de 1,4 m.
            O Ceticismo para Hume deve ser Moderado, ou seja, deve ser um ceticismo que restrinja nossas investigações aos objetos que mais se encaixam em nossa capacidade de entendimento humano. Ao evitar pesquisas muito complexas devemos nos pautar na vida diária e resolver nossas questões através das experiências. Já os que apresentam um gosto pela Filosofia devem ir mais além às suas especulações.
            A Teologia faz uso de raciocínios de fatos particulares e gerais para provar a existência de Deus e a imortalidade das almas, se fundamentando também sobre a razão que se apóia nas suas experiências. No entanto seu melhor princípio é a fé e a revelação divina.
 “Quando percorremos as bibliotecas, persuadidos destes princí­pios, que destruição deveríamos fazer? Se examinarmos, por exemplo, um volume de teologia ou de metafísica escolástica e indagarmos:
          Contém algum raciocínio abstrato acerca da quantidade ou do número? Não. Contém algum raciocínio experimental a respeito das questões de fato e de existência? Não. Portanto, lançai-o ao fogo, pois não contém senão so­fismas e ilusões.” (Investigação Acerca do Entendimento Humano)



Referências Bibliográficas

HUME, David. Investigação acerca do entendimento humano.

ARISTÓTELES, 348 a.C. – 322 a.C. Metafísica: livro I e livro II; Ética a Nicômaco; Poética. São Paulo: Abril S/A Cultural, 1984 (Os Pensadores II).

Dicionário Logos: Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia. Lisboa: Verbo, 1989, Volume I.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Que “coisa” é essa, que chamamos de Brasil???

ESTA SEMANA QUE AINDA ESTAMOS EM ESPIRITO DE ELEIÇÃO E DEMOCRACIA DISCUTIREMOS UM POUCO IDÉIAS A RESPEITO DO NOSSO BRASIL QUE É MUITO RICO EM ALGUMAS COISAS COMO A CULTURA, MAS MUITO POBRE EM ALGUMAS COMO RESPEITO POR EXEMPLO. PARA ISSO DISPONIBILIZEI UM RESUMO SOBRE O LIVRO " QUE COISA É ESSA, QUE CHAMAMOS DE BRASIL???". BOA DISCUSSÃO A TODOS...
  
          Esse é um dilema que atualmente vem afligindo muito a humanidade, especialmente o “nosso Brasil”. Este dilema de não saber realmente a sua identidade, de perder a suas características básicas, de origem e que o distinguem dos outros países, ou melhor, características essas que o fazem ser o Brasil que conhecemos (ou pensávamos conhecer) e não outro.
            Geralmente quando se fala em outros países a respeito do nosso as pessoas ficam maravilhadas pela diversidade de culturas e pela felicidade e entusiasmo que só o povo brasileiro tem. Mas, ao termos uma visão mais panorâmica sobre nossa região podemos perceber que todo esse entusiasmo vem sendo deixado de lado, sendo que este é algo além de nossa cultura nos distingue e revela nossa verdadeira “cara brasileira”. Para substituir esse nosso entusiasmo entra em campo a pobreza, a fome, a violência, a morte (tanto de corpo como de alma), o preconceito, e tantos outros adversários que se formos citar todos esta simples introdução não se fará suficiente.
            Algo que ainda vem para desfavorecer o nosso crescimento é o sistema de governo e as pessoas que colocamos lá para organizar o nosso país, ou melhor, a nosso lar (sendo que este deveria ser o significado de nação para nós). Em um olhar bem resumido parece que nossos governantes não estão tão preocupados como deveriam estar quantos aos nossos problemas.
            Uma música que pode nos ajudar melhor a compreender este caos que nos rodeias é a música Que País é Esse?, do grupo Legião Urbana.



Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado

Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação

Que país é esse? (Refrão 3x)
No amazonas, no araguaia iá, iá,
Na baixada fluminense
Mato grosso, minas gerais e no
Nordeste tudo em paz

Na morte o meu descanso, mas o
Sangue anda solto
Manchando os papéis e documentos fiéis
Ao descanso do patrão

Que país é esse? (Refrão 4x)
Terceiro mundo, se for
Piada no exterior
Mas o
brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão

Que país é esse? (Refrão 3x)


            Estas partes em negrito são as que mais nos interessam, pois elas evidenciam a falta de interesse do governo com o país que tem a zelar e que eles mesmos não respeitam as leis que para entrar em vigor necessitam além da aceitação do povo a própria aprovação deles, que muitos fraudes e roubos financeiros ficam escondidos por trás de documentos falsificados que servem apenas para comprovar um enganoso direito que alguns acham que tem, e a questão de nossa cultura e valores que têm suas origem no início de nosso país com os próprios índios que estão praticamente em extinção. Um ponto interessante a se notar nesta música é que quando se fala no Brasil, o nome do país aparece em letra minúscula, até mesmo porque como as coisas andam isto não aparenta mais ser uma nação mas sim um verdadeiro lugar de intrigas e desordem.
            Agora, temos todo os direitos, argumentos, bases e antes de tudo o dever, uma vez que aqui é nossa casa, de perguntar: Que coisa é essa, que chamamos de Brasil???


Jorge Marcos dos Santos