domingo, 18 de setembro de 2011

O OUTRO COMO PONTO DETERMINANTE NO TRABALHO DO ANTROPÓLOGO


            Como diz Laplantine na primeira linha da introdução de sua obra Aprender Antropologia, “o homem nunca parou de interrogar-se sobre si mesmo”, ou seja, o homem tem sempre a curiosidade de se conhecer cada vez mais. Conhecer-se seja no aspecto religioso, cultural, epistemológico, político, social, etc.
            Mas o conhecimento de si é algo muito complexo, pois nos impulsiona a uma internalização pessoal para o conhecimento de nosso interior que é o que afeta nossas ações e atitudes para/com o mundo externo a nós. E observar esse eu-interno e entendê-lo se torna um desafio para o próprio o homem por estar em constante convivência com ele.
            Quando o homem se depara com o outro ele entra em um estado de caos porque às vezes ele se identifica como um ser igual a ele, mas geralmente não é isso que acontece. Então se o outro não é igual a mim, ele pode ser um ser que irá tolir minhas liberdades, direcionará minhas condutas, poderá ser melhor, etc, e tudo isso se torna assustador a ele.
            No entanto, o outro também é um pouco de mim, pois não somos apenas diferenças, mas também semelhanças. No momento em que o homem percebe isso ele começa a se compreender, ou seja, compreender o seu “eu-interno”. Por isso, o homem percebe que não consegue viver sem o outro para se compreender.
            Nisso o Antropólogo, enxerga os motivos que o homem possui para necessitar tanto do outro. Sem o outro o homem não é capaz de perceber o que possui de mais comum que o humaniza. E a Antropologia é uma ciência que estuda o todo do homem, ciência analisa o que os homens possuem de comum uns com os outros, ciência que conceitua o que é a humanidade do homem.
            Realmente, “conceitual a humanidade do homem”, esse é o objeto de interesse do antropólogo. Porém é impossível que ele consiga isso olhando apenas para si mesmo. Ele possui a necessidade de olhar para o diferente para que possa compreender sua própria humanidade.
            O outro também é o que coloca mais em evidência os aspectos antropológicos, pois ao observarmos o que temos em comum em nossa espécie que somos capazes de reconhecer nossa humanidade.
            Mas me pergunto, e se o outro fosse igual a mim? Neste caso seria impossível ao antropólogo desempenhar seu trabalho. Pois são os nossos mínimos pontos em comum que nos caracterizam como seres humanos e os pontos divergentes são o que revelam mais claramente nossa humanidade, logo, sem eles seríamos incapazes de nos compreendermos a nós mesmos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.