quinta-feira, 28 de julho de 2011

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA E A EDUCAÇÃO PARA O PENSAR: UMA DISCUSSÃO ENTRE PAULO FREIRE E MATTHEW LIPMAN

No livro Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire, nos mostra pontos da educação necessários ao professor e ao aluno para que ocorra verdadeiramente e integralmente o processo ensino-aprendizagem. Apresentando o professor como um ser que além de docente, também é discente, Freire diz que ele deve ser muito crítico para que possa desenvolver a criticidade em seus alunos, mas que em todo esse processo ambos estão em fase de construção, tanto o próprio professor quanto o aluno. E esta criticidade só pode ser desenvolvida através da prática em si mesma.
A reflexão sobre a prática como educador é algo de extrema importância para que possamos estabelecer relações entre o que se fala e a ação em sala de aula, senão tudo não passará de um mero falatório e de discursos sem importância e necessidade. Por isso a necessidade de ser crítico, crítico quanto a sua própria ação, como uma ação significativa aos educandos.
Freire apresenta em vários momentos do texto uma visão construtivista de que o conhecimento deve ser construído junto ao aluno, dessa forma, se o mesmo é construído junto, então há a necessidade de uma troca entre professor-educando onde o educando se torna professor e o professor se torna educando como já foi dito anteriormente. Neste ponto vejo grande comunhão com o programa de Educação para o Pensar, em que temos o objetivo de tornar os alunos mais críticos, mas com uma abertura para que o mesmo apresente suas idéias em uma forma de troca de conhecimentos entre professor-educando.
Essa criticidade é desenvolvida também a partir do pensar certo, que ocorre através da curiosidade intrínseca em cada indivíduo, onde Freire faz uma distinção entre curiosidade ingênua e curiosidade epistemológica. No entanto, não há uma ruptura entre estes dois tipos de curiosidade, mas há um progresso de um para o outro onde com o avançar deste processo a pessoa se torna cada vez mais crítica. Este é o objetivo do que Lipman pretende com a Educação para o Pensar, que os alunos saiam do senso comum (ou, curiosidade comum) e tornem-se seres mais críticos e autônomos, seres realmente pensantes. Freire dirá que o processo de aprendizagem deve levar o educando a pensar certo.
O educando deve se tornar capaz de estabelecer ligações entre o conteúdo que o professor lhe apresenta e a realidade que vive, mas estas ligações somente se tornarão possíveis ao aluno que foi trabalhada a habilidade do pensar certo, habilidade esta que deve aguçada pelo professor crítico. Uma solução para levar o aluno a pensar certo é torná-lo cada vez mais curioso, desta forma o aluno conseguirá passar da simples curiosidade ingênua à epistemológica.
Para desenvolver a criticidade dos alunos o professor deve partir da realidade dos alunos que é muito rica em um conhecimento que eles já possuem anteriormente a sala de aula, mas o educador deve criticar esta realidade ao ponto de propiciar a discussão e o diálogo que tanto nos fala Lipman. A discussão da realidade do educando é a ferramenta do educador que tanto Freire quanto Lipman apontam para desenvolver essa criticidade e a curiosidade epistemológica.
O pensar se liga muito a ação do indivíduo, portanto ao desenvolver a reflexão, a pessoa poderá melhorar a própria ação, tornando-a mais ética. Visto assim, o pensamento acompanha a ação, e não há uma ruptura entre elas, ou seja, a mudança intelectual implicará em uma mudança de comportamento ético e moral.
Para ensinar o educador precisa viver aquilo que ensina. Já que o pensar caminha junto com a ação e se queremos que o educando pense certo para agir certo, seria fora de lógica o educador exigir tudo isso do educando e não o fazê-lo.
Ao fim do primeiro capítulo, Freire fala sobre o entendimento que não pode ser transferido do professor ao aluno como um lápis é passado de um para o outro, mas que o entendimento deve ser co-participativo, pois para ensinar é necessário que alguém entenda e o entendimento só pode ser feito por aquele que aprende. Para isso é preciso comunicabilidade entre ambos, que é o que a Educação para o Pensar chama de Diálogo. Por isso, o pensar certo é dialógico, em que tal habilidade só pode ser aperfeiçoada com a ajuda do outro.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/espanhol/pdf/pedagogia_da_autonomia_-_paulofreire.pdf>. Acessado em: 22 de julho de 2011.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

CONCEPÇÃO DE ÉTICA E JUSTIÇA DE PAUL RICOUER

Em Ricouer temos três bases para que se ocorra a eticidade: a ética, a norma moral e a sabedoria prática. A ética possui a idéia de bem como essencial, e a ética abordada por Ricouer é a ética teleológica, da busca dos fins últimos. A norma moral parte dos pressupostos kantianos, que apresenta a idéia dos imperativos, das obrigatoriedades. Da moral parte a perspectiva do sujeito autônomo, que é muito importante pra esse filósofo. A autonomia é a reciprocidade, separação do logos, diferente de uma autonomia isolada, é uma autonomia ligada ao outro.
A ética tem primazia sobre a moral, ou seja, ela está acima da moral.
Ricouer coloca presente também a idéia de vida boa, que possui uma certa primazia sobre a obrigatoriedade, em que os deveres estão um pouco abaixo da vida boa. Assim, pode-se dar uma impressão que possa excluir-se a normatividade. Mas, ele faz uma união entre ética e moral, e, esta proximidade necessita de uma mediação hermenêutica.
A idéia de sabedoria prática está baseada no sujeito autônomo através da reciprocidade com o outro, ou seja, a autonomia não pode ser uma autonomia auto-suficiente em si mesma, mas para o outro.
Atualmente, o sujeito autônomo tem que ser um intérprete dos valores extraídos da ética e da moral para a sua vivência cotidiana.
O foco continua sendo o viver bem, do eu com e para os outros (estima de si, solicitude e instituições justas, idéia de bem). Temos fortemente presente neste pensamento a esfera do respeito pelo outro, a normatividade e a justiça (idéia de obrigatoriedade).
Ricouer, em seus estudos, aprofunda-se em uma reflexão sobre a idéia de justiça e a idéia de justo. A idéia de justiça refere-se preocupação com as questões que se ligam as leis e sua aplicação. Já a idéia de justo se aplica no “reconhecimento da justiça à justiça”, que apresenta a idéia do justo em si.

CONCEPÇÃO DE ÉTICA E JUSTIÇA DE EMMANUEL LÉVINAS

            Em Lévinas temos fortemente presente essa preocupação com o outro (responsabilidade para e com o outro - ética). Para ele a questão do logos grego continua a ser o logos da racionalidade grega, porém não é completo para dar a humanidade o sentido da vida. O logos deve unir-se a visão mosaico-profética.
            Sua proposta é que o homem se engaje na justiça juntamente com esse outro, pois somente através da valorização do outro como indivíduo fundamental para minha vida que podemos construir a justiça.
            Estava em questão neste momento o sentido profundo da nossa existência que era marcada pela alteridade (que é o existir com o outro, com o diferente a mim mesmo). Temos que nos comprometer com o outro pela responsabilidade mesmo que o outro seja um parasita, pois só consigo exercer a justiça dessa forma.
            Comparando um pouco com a visão norte-americana (que estudamos no bloco anterior), não há esse olhar humano de responsabilidade em relação o outro, as relações humanas são frias, de meros interesses apenas.
            Lévinas é contra aquela idéia sartreana de que o outro é o nosso inferno, pois para ele temos que ir de encontro com o outro, sempre tendo no outro aquele olhar de responsabilidade.
            No mundo atual, onde a tecnologia se encontra muito avançada, nos tornamos responsáveis por um outro que nem conhecemos ou temos contato, que só tomamos conhecimento de sua existência através de noticiários e meios de comunicação. Porém, este outro foge da nossa realidade, do nosso convívio, do nosso meio social, etc., é um outro longe de mim.
            Só há possibilidade para a alteridade em um mundo em que o homem busca a justiça. Hoje temos todo um discurso da inter-subjetividade, mas como assumir uma alteridade do rosto-a-rosto? E quem é o próximo a quem devo minha responsabilidade? Lévinas dirá que a alteridade começa a partir do momento que reconheço o outro e o próximo é aquele que coloca a face diante da minha face, ou seja, o que está presente em minha realidade.
            A forma de nos abrirmos para a alteridade é através do diálogo, que é o meio que possuímos de ouvir o outro e de reconhecermos suas necessidades. A justiça começa assim por essa reconstrução da alteridade da pessoa, retornando a valorização do conceito de pessoa.
            Na presença do outro a ação humana deve ser do “eis-me aqui”, ou seja, uma ação de colocar-se a serviço do outro para ajudá-lo e atender suas necessidades. O bem só se concretiza nessa relação do rosto-a-rosto, relação de proximidade. Porém, essa proximidade do outro coloca em questão a liberdade tanto minha quanto do outro e acaba exigindo a prática do bem.
            Nesta relação rosto-a-rosto, a justiça ocorre a partir de princípios racionais, pois as formas racionais de pensar e agir são fundamentais para a preservação da justiça.

AS TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO

            Na visão de Karl Marx a sociedade é dividida em classes que estão em constante conflito, porém isso faz com que ela cresça mediante os desafios que ela própria se propõe no dia-a-dia e ela nunca tem seu fim, ela está em constante processo de crescimento. Por nossa sociedade estar em crescimento, as mudanças que ela sofre são muito freqüentes também, mudança como no âmbito econômico, social, intelectual, político, populacional, geográfico, etc., e todas estas mudanças acabam gerando alterações no mundo do trabalho causando desemprego aos habitantes das cidades.
            Nas classes sociais, que eram as divisões propostas por Marx para a sociedade temos, a figura da burguesia capitalista (detentores de capital e dos meios de produção) e o proletariado (que são as pessoas desprovidas de capital e que vivem mediante a força de seu trabalho para conseguir as posses necessárias para a vida, que nada mais são do que trabalhadores que vendem sua força de trabalho para a burguesia). Para Marx estas duas classes sempre existiram no mundo do trabalho, porém cada vez mais as diferenças entre elas se agravam em nível de conquista de posses.
            No mundo contemporâneo temos indivíduos que necessitam de um trabalho digno, porém não temos a escassez de trabalhos deste porte, o problema é que estes mesmos indivíduos que necessitam de um trabalho se encontram na falta de capacitação para isso. O mundo atual sofreu fortes avanços na esfera tecnológica e os indivíduos muitas vezes não acompanharam este avanço, por isso não conseguem muitas vezes se encaixar no mercado de trabalho atual. E nesta questão da tecnologia o problema se torna mais agravante se pensarmos que as máquinas vêm substituindo a força humana no decorrer dos tempos cada vez com mais intensidade, causando assim uma diminuição das possibilidades do homem encontrar trabalho.
            Nos anos 70 e 80, há um aumento no número de trabalhos informais e temporários, diminuído os trabalhos formais devido a uma mudança no modelo conservador.
Devido as mudanças tecnológicas e as transformações do capitalismo, o mundo do trabalho também se modificou, tornando-se cada vez mais instável e inseguro para o proletário de Marx. O trabalho mecanizado vem sendo a causa dessa instabilidade no campo do trabalho, pois o trabalho do homem vem sendo substituído, que são reflexos do movimento Taylorista e Fordista, que propõe um avanço tecnológico onde o homem tem sua força de trabalho substituída pela própria tecnologia que tem desenvolvido nas fábricas modernas.
O homem é um ser dotado de direitos e frágil a doenças e a sentimentos, diferente das máquinas, que não geram tantos gastos e são objtos frios dos quais não estabelecemos relação e, portanto, a substituição do homem pelas máquinas torna-se mais vantajosa, pois aumenta-se a produção e diminui-se os gastos. Por isso as empresas, com o avanço da tecnologia, têm preferido trocar o homem pelas máquinas.
O avanço tecnológico não é ruim, pelo contrário, é muito bom para o crescimento da sociedade. E o trabalhador não é contra esse avanço, o problema é que este avanço tem sido a causa brusca da expulsão do homem do mercado de trabalho que é o seu meio de obter as condições econômicas que necessita para a vida. O correto seria a tecnologia vir para somar-se ao trabalho do homem e não para descartá-lo como um mero objeto que pode ser substituído. O homem é ser complexo , como diria Mounier, dotado de inteligência, sentimentos, possível de estabelecer comunicação, e, que por tudo isso é mais digno de respeito e possui mais valores do que as máquinas. Porém, atualmente, não tem sido dada a importância necessária e de direito as valores humanos.
Referência Bibliográfica
GIDDENS, Anthony. Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de nós. São Paulo. Record, 2000.

INVESTIGAÇÕES FILOSÓFICAS - WITTGENSTEIN

No estudo de vários filósofos percebemos o grande interesse em trabalhar a questão da linguagem e Wittgenstein não faz diferente sendo que ele a apresenta como parte constitutiva e necessária para o conhecimento humano. No estudo do Tractatus, este filósofo já nos apresentou a questão da linguagem e nas Investigações Filosóficas ele não fará, pois apresentará a linguagem como estrutura fundamental para a constituição e desenvolvimento da vida do homem.
O conhecimento se dá por meio da relação entre a palavra e a coisa (objeto). Pois através da palavra é possível comunicar o conhecimento, transmiti-lo e sem a palavra não seria possível nem a existência do conhecimento, pois o conhecimento se dá através da linguagem que é o que constitui a palavra. E somente através da coisa podemos comprovar o próprio conhecimento. Quando Wittgenstein cita Agostinho ela toca bem neste ponto da relação entre a palavra e a coisa, onde ele apresenta a aquisição da linguagem (Agostinho) que necessita de dois momentos: a significação da palavra e o uso da mesma.
Mas para Wittgenstein somente através da ação é que é possível esta relação entre palavra e coisa. Ao fazer uso de fragmentos primitivos da linguagem não necessitamos de todo o aparato lingüístico, pois apenas estes fragmentos formam a linguagem completa.
É importante ressaltar também que para Wittgenstein será apenas através da linguagem que poderemos nos relacionar com o mundo e dele fazermos parte.

Raciocínio e as Habilidades de Pensamento

Um dos pensadores que trabalham as habilidades de pensamento é Gilbert Ryle, que acredita que o pensamento pode ser ensinado como uma matéria qualquer. Dessa forma, podemos aprender a pensar melhor apartir do momento em que aprendemos a raciocinar, mas para pensar melhor devemos trabalhar a linguagem. Ou seja, trabalhamos a linguagem para raciocinar melhor e assim pensar melhor também, pois o raciocínio começa com o desenvolvimento da linguagem.
O desenvolvimento do nosso pensamento não se encontra na aquisição do conhecimento através de nossas experiências, mas nas práticas do próprio raciocínio. Sendo que o pensamento ocorre de uma forma organizada, e com mais habilidades desenvolvidas teremos mais êxito na utilização e aquisição do conhecimento. Enquanto que o com habilidades pouco desenvolvidas alcançaríamos facilmente o fracasso lógico do pensamento.
Não podemos desenvolver apenas uma ou outra habilidade, mas todas as habilidades jutas, pois ao pensarmos fazemos uso de todas as habilidades para formularmos bem nosso raciocínio, ou seja, ela ficam muito interligadas no momento em que pensamos.
Logo, o método da aula de filosofia é um meio de diminuir a irracionalidade ou até de prevenir as crianças disso. A partir disso podemos dizer que as habilidades de pensamento são trabalhadas de uma forma humanista em que há a valorização do educando.

Os quatro Grupos de Habilidades Cognitivas

            O objetivo da educação compreende fortalecer as habilidades cognitivas e aperfeiçoá-las, do mesmo modo que aperfeiçoamos a linguagem.

  • Habilidades de Investigação: é a prática auto-corretiva, pois precisa acrescentar uma mudança ao sujeito quando o mesmo se encontra errado, através da auto-correção. É necessário perceber que é pela investigação que a criança consegue articular sua experiência anterior, com a experiência presente e a prepara para novas experiências (assim como a possibilidade de estimá-las).
  • Habilidades de Raciocínio: é através dessa habilidade que somos capazes de pensar a respeito do mundo e de nossas experiências sem a necessidade de novas experiências. E o conhecimento é ampliado através desta.
  • Habilidades de Formação de Conceito: esta possibilita o agrupamento de um conjunto de ideias similares que tenham alguma relação entre si e com isso criamos ferramentas que nos permitem elaborar julgamentos.
  • Habilidades de Tradução: é dizer algo que já foi dito de outra forma sem alterar o sentido do mesmo.
            Contudo, todos esses grupos de habilidades estão ligadas e para que uma determinada habilidade seja utilizada, várias outras são trabalhadas em conjunto.